quinta-feira, 17 de julho de 2008

Possibilidade de organização táctica para momentos especiais do jogo de andebol: Ataque em Superioridade e Inferioridade Numérica (parte I).

Um dos temas a tratar no IV Seminário técnico da Maia é: Possibilidade de organização táctica para momentos especiais do jogo de Andebol (ataque em superioridade e inferioridade numérica.). Como apoio teórico, elaborei um artigo para o efeito que passo a disponibilizar.


Introdução


Frequentemente, no Andebol, “produzem-se duelos que não são simétricos, dando-se uma situação de vantagem numérica por parte dos grupos enfrentados” (Antón, 1998) resultantes da exclusão temporária por um período de dois minutos de um ou vários jogadores por aplicação da regra 16 do regulamento do jogo de Andebol da Federação Internacional (IHF).

Existem diferentes estudos que ajudam a compreender o que ocorre nestas circunstâncias, testemunhando que se verificam de 4 a 7 exclusões por jogo (Enriquez e Falkowski, 1988; Aguilar, 1998; Rocha, 2001; Sanz et al, 2004). Nos estudos de assimetria (desigualdade numérica) também se analisam a eficácia e zonas de lançamento, número de posses de bola, tipos de sistemas defensivos e ofensivos, diferenças relativas ao momento do jogo e ao resultado, por exemplo, ou seja, motivos de sobra para se tratar este tema que se insere nas situações especiais de jogo com a maior responsabilidade. Corroborando a importância que deve ser atribuída aos momentos de jogo em que é necessário jogar em desigualdade, existem treinadores que referem que em jogos igualados a diferença pode mesmo estar na eficácia em situação de superioridade numérica (SN). Num estudo efectuado por Sanz et al (2003), tendo como amostra as cinco primeiras equipas classificadas da liga ASOBAL da época 2002/03 num total de 14 jogos, concluiu-se que mesmo sem significado estatístico, existiu maior êxito em situação de igualdade numérica ofensiva que em superioridade. Este resultado é confirmado pelo estudo de Aguilar (1998) que refere uma eficácia em SN de 49.3%. Ainda quanto à eficácia do ataque em SN, estudos mais antigos (Antón, 1994 e Leon, 1998) apresentam melhores resultados: 58.18% e 55.14% respectivamente. Por outro lado, também refere que quando as equipas atacam em SN existe um aumento de erros, cuja causa pode estar, provavelmente, na tendência para finalizar mais rápido. A maior facilidade em conseguir uma situação de finalização mais cómoda pode também estar na base de uma eficácia de remate abaixo do esperado.

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