segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Guarda-Redes de Andebol (Parte I)

Fica o meu agradecimento ao companheiro e Treinador de Andebol Paulo Sá, por autorizar a publicação deste documento, que se integra nos trabalhos de Doutoramento que realiza na Universidade da Corunha cujo tema se relaciona com a problemática do desempenho dos Guarda-redes.

Ele estará disponível para qualquer esclarecimento.

Obrigado Paulo Sá!



O jogo de Andebol é muito complexo, onde os jogadores que fazem parte do mesmo ocupam e desempenham funções muito específicas e próprias dentro do terreno de jogo. Dentro de todos eles, destaca-se a posição do Guarda-Redes que em relação às restantes surge com características muito próprias e específicas.
A tendência actual de evolução do andebol conduz o jogo a uma elevada velocidade. Esta leva a que exista maior número de ataques e consequentemente, um maior número de remates. Parece pois pertinente, que esta situação implique um maior número de intervenções do guarda-redes no decorrer do jogo. Este factor associado a uma diversidade de remates, quer na sua elaboração e execução, exige do guarda – redes uma constante actualização da sua forma de actuação, a fim de manter níveis de eficácia elevados.

IMPORTÂNCIA DO GR DE ANDEBOL

No contexto actual do jogo, o guarda-redes é um elemento de grande importância no seio de uma equipa. Representa um dos jogadores mais importantes para alcançar o êxito. É referido, inúmeras vezes, que um bom guarda-redes representa 50% ou mais do êxito de uma equipa.
Pode ter uma influência decisiva no desenrolar do jogo. Da sua actuação depende, em grande medida, o êxito ou fracasso da sua equipa. Ele pode, como último defensor, corrigir com as suas defesas os erros dos seus companheiros e facilitar-lhes, como iniciador do ataque, a possibilidade de contra atacar com eficácia (Hecker & Thiel, 1993; Rivière, 1989). O guarda-redes tem o papel de ser o primeiro elemento da equipa a iniciar as acções de ataque e ser o último obstáculo que o ataque adversário tem de transpor para atingir o golo.

A altura do guarda-redes parece ser um factor, não decisivo, mas importante para a obtenção de bom rendimento nas acções de defesa. Actualmente, os guarda-redes de alto nível apresentam elevados valores de altura e envergadura. Ocupam, assim, um maior espaço, diminuem o ângulo de remate dos opositores e têm maiores facilidades em alcançar os diferentes ângulos da baliza. Ribeiro (2002) sustenta esta teoria afirmando que a conjugação destes dois parâmetros, vai possibilitar ao guarda-redes a cobertura duma superfície mais ampla da baliza.
Apesar da importância dada à elevada estatura dos guarda-redes, Hecker & Thiel (1993) consideram que esta não deve constituir factor limitativo do rendimento do guarda-redes, pois por si só não é determinante. São importantes, acima de tudo, velocidade de reacção e todas as qualidades de defesa.

Capacidades Físicas

Por representar um "papel específico" no jogo de andebol, o guarda-redes deve evidenciar um perfil de qualidades físicas adequado às exigências do seu posto.
Os gestos técnicos do guarda-redes implicam uma grande precisão do movimento com um intenso empenho de força e da velocidade, conjugada com factores coordenativos de dissociação segmentar. Pensamos que o compromisso entre a velocidade de reacção e execução, e a precisão do movimento dão a consistência da execução do gesto técnico.
Importa também referir a flexibilidade ao nível dos membros superiores e inferiores que facilita a acção do guarda-redes, que não poderá realizar uma defesa a grande distância se não possuir uma mobilidade segmentar adequada.
O desenvolvimento dos músculos abdominais e lombares é considerado relevante no treino do guarda-redes, dado que necessita possuir um tronco bem "musculado" para se opor aos potentes remates realizados de distâncias reduzidas (Hecker & Thiel, 1993; Sousa, 1994; Spate, 1993).
As capacidades coordenativas têm também incidência particular no gesto do guarda-redes, devendo fazer parte da sua iniciação e de todo o seu trajecto desportivo, pois o treino intencional e sistemático da coordenação deve ser ponto central no processo de treino a longo prazo, marcando uma formação variada. Com o desenvolvimento das capacidades coordenativas a aprendizagem das técnicas desportivas e a melhoria das capacidades condicionais tornam-se mais rápidas e económicas.
Parece-nos pois que o guarda-redes deverá possuir uma elevada velocidade de reacção (complexa), de molde a garantir a eficácia defensiva, nos remates de grande potência, remates inesperados, impossibilidade de visualizar o rematador e recuperação da bola; deverá também possuir uma grande potência, quer ao nível dos membros superiores, quer essencialmente, ao nível dos membros inferiores.
A resistência específica possibilitará ao guarda-redes a manutenção, a um nível óptimo e ao longo de todo o jogo, de todas as suas capacidades motoras, técnicas, tácticas e psíquicas.
As capacidades físicas dependem umas das outras e interrelacionam-se entre elas.

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