sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O Guarda-Redes de Andebol (Parte V)


Colaboração com a defesa

O principal responsável pela defesa da baliza é o guarda-redes. Embora este facto seja inquestionável, não é menos certo que o rendimento da sua actividade depende em grande medida do melhor ou pior funcionamento do sistema defensivo da equipa e da colaboração que lhe prestam os defensores, tapando zonas ou ângulos da baliza e trajectórias de remate. Por isso é preciso entender a defesa como uma unidade, cuja colaboração mútua se dá continuamente e em ambos os sentidos (Antón, 2002).
Quando nos referimos ao treino táctico dos guarda-redes consideramos claramente o tipo de relação / colaboração deste com os seus companheiros de defesa. O trabalho táctico deve estar previamente definido, com uma divisão criteriosa de tarefas, de forma a limitar a trajectória da bola a determinadas zonas da baliza. Tal situação permite ao guarda-redes preocupar-se predominantemente com uma zona da baliza, podendo daí obter uma maior eficácia nas suas acções.
O conceito global mais frequente de colaboração da defesa com o guarda–redes diz respeito às acções de bloco realizadas perante os remates de 1ª linha, no entanto existem também referências à colaboração por pressão ou contacto colaboração a remates em penetração; colaboração do extremo e colaboração no contra-ataque.
Antón (2002) indica inclusive alguns objectivos específicos, como: a) distribuir equitativamente as responsabilidades respeitantes às trajectórias de remate do atacante; b) intimidar o rematador ocupando espaços na linha e no seu ângulo de remate, evitando assim um remate cómodo; c) orientar a trajectória de remate numa direcção determinada sobre a qual seja possível antecipar-se, ou induzir o rematador a rematar para zonas previsíveis; d) impedir ou dificultar a ampliação do ângulo de remate, facilitando assim a intervenção do guarda – redes; e) cobrir ou tapar fundamentalmente os pontos fortes do rematador; f) explorar os pontos débeis do rematador, oferecendo trajectórias de remate correspondentes a essas carências; g) facilitar a antecipação do guarda – redes sobre a zona desguarnecida pelo defensor.

Remates de 1ª linha – Colaboração com bloco

A intervenção, quer do defensor quer do guarda-redes, realiza-se em função fundamentalmente de dois factores: o braço forte do rematador e a zona onde provavelmente se vai realizar o remate. O defensor, frente ao oponente directo com bola e em atitude de remate, deve, frequentemente e como regra, cobrir, relativamente à baliza, o lado do braço executor (lado forte) e o guarda – redes deve ficar responsável pelo lado contrário (lado fraco). Desta forma em função da condição destro ou esquerdino do rematador, assim como do posto específico que ocupa – lateral esquerdo, central ou lateral direito, a responsabilidade do guarda-redes recairá sobre o ângulo curto ou sobre o longo.
As regras de cooperação entre guarda-redes e os defensores não deverão ser estanques, mas sim flexíveis, podendo ser alteradas a qualquer momento, quer por falha dos defensores, quer pelas opções dos rematadores, quer por situações várias que podem decorrer ao longo de determinado movimento de remate ou durante o jogo. As decisões de alteração das estratégias previstas partirão sempre do guarda-redes, fundamentalmente pela visão mais clara que tem dos acontecimentos.
Importa relembrar que em caso algum o guarda-redes se deverá desresponsabilizar por qualquer dos lados da baliza, pois ele deverá ser o responsável por toda a baliza, esperando no entanto ajuda da defesa, na limitação das acções ofensivas.

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