sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Defesa na Iniciação

Antes demais gostaria de agradeçer a participação dos diferentes intervenientes nesta discussão sempre actual, sobre a qual passo a dar a minha opinião ainda que de forma sucinta.

Embora sempre tenha defendido o dispositivo 3:3 como ponto de partida para a aprendizagem das relações defensivas dos atletas em formação, também é um facto que existem enumeras vantagens se o dispositivo defensivo tiver uma linha como ponto de partida, mas isso sim, com apenas 5 defensores. Sabendo que o mais importante é saber o que realmente é importante ensinar, qualquer dos formatos aqui referidos (3:3 e 5:0) são viáveis, no entanto vou analisar mais atentamente o segundo.
Quando no treino utilizamos jogo 5X5, independentemente do escalão etário à nossa disposição, que objectivos procuramos atingir com esse trabalho? Relacionado somente com os factores associados à defesa, podemos utilizar este exercício com diferentes propósitos, no entanto e sem entrar no pormenor, creio que quando o fazemos, desejamos acíma de tudo expor os defensores a um nível de exigência acrescido até porque a distribuição aumentada de metros quadrados aparece como uma dificuldade evidente. Um dispositivo 5:0 como retira um jogador da linha de defensores oferece também mais possibilidades ao ataque de melhor aplicar conteúdos tácticos ofensivos importantes como o passe ou a fixação. Por outro lado, se observarmos que tipo de conteúdos tácticos individuais e de grupo podem ser observados nesta circunstância, percebemos que de forma simplificada todos os elementos relacionados com a defesa podem estar presentes. Estamos todos de acordo que é muito mais importante ensinar comportamentos individuais como a posição de base e relações básicas de grupo como a cobertura ou a ajuda do que ensinar um sistema defensivo numa fase precoce de construção do jogador, no entanto tudo isto deve ser integrado de forma a induzir comportamentos adequados aos jovens atletas. Partindo de uma linha defensiva, se o ataque jogar com 5 elementos ao redor e sem jogador pivot, provavelmente observamos mais trocas de marcação do que deslizamentos já que, ainda que em espaço amplo, as zonas a defender ficam distribuidas equilibradamente. Será necessário então pensar como atacar para manipularmos os conteúdos defensivos a desenvolver, já que os comportamentos defensivos variam de acordo com o formato e tipo de ataque utilizado. Cinco atacantes ao redor, pivot fixo com dois laterais, um primeira linha a transformar o sistema ou um extremo a circular para jogar como pivot, seriam diferentes formas de atacar no sentido de obtermos variabilidade ao nível dos comportamentos defensivos individuais e de grupo dos atletas em formação. Partindo desta base e depois de termos definido o dispositivo defensivo inicial, a medida pedagógica de ensino/aprendizagem partiria do ataque nas suas diferentes formas de aplicação para chegar à defesa. O que perseguimos será assim ensinar a base do jogo ao nível das relações a estabelecer para resolver problemas colocados pelo ataque. Os defensores, para além dos comportamentos básicos defensivos, devem mais cedo começar a perceber distinguindo o que fazer de acordo com a circunstância de estar alinhado ou escalonado com companheiros contíguos. Devemos também dentro desta conjuntura, dar a liberdade ao defensor para tomar iniciativas de dissuasão até porque necessitamos de sistemas mais activos do que reactivos na sua essencia, sendo o 5:0 apenas um ponto de partida e não um fim em si próprio. Porque não uma competição de infantis com características semelhantes?

12 comentários:

Anónimo disse...

Em primeiro lugar gostaría de lhe dar os parabéns pelo excelente blog!
Em relação ao tema, confesso que sempre fui adepto do sistema de defesa HxH para uma fase inicial, mas depois de ler esta sua breve, mas eloquente, apresentação do sistema 5:0 fiquei entusiasmado. Presumo que estejamos a falar do mesmo espaço de jogo, 40X20. Se assim for penso que esta pode ser uma excelente proposta.
Em relação aos paises em que o sistema de uma linha defensiva é utilizada nos níveis etários mais baixos, não é verdade que possuem o mini-andebol bem desenvolvido? Na sua versão de 5X5 em campo reduzido, com utilização da defesa HxH?

Anónimo disse...

Escolher entre o tipo de defesa? Ou escolher, o ensinar a defender?
Nesta questão de treinamento defensivo na iniciação, importa, na minha opinião, o que queremos no futuro e o que faremos para lá chegar, pelo que este debate nacional é muito importante.
Ao longo das décadas temos “copiado” ou “adoptado” exemplos de outros países, que chegam até nós via equipas técnicas nacionais, com técnicos oriundos de outros países, que obviamente têm nos seus países de origem uma realidade diferente da nossa.
No presente, e deparei-me com muitas situações enquanto membro da equipa nacional, nas fases de iniciação e não só (de iniciadas até juniores), as nossas atletas não sabem defender, não conhecem os conceitos de defesa, não sabem e não compreendem as ajudas e então, muito menos sabem defender 1:2.
Assim, parece-me lógico, que quase todos os coordenadores nacionais optem por defesas pouco abertas, e isto, acontece, inclusive até nos Seniores Masculinos A, correndo assim menos riscos de falharem as ajudas ou das defesas serem batidas em inferioridade.
Contudo, na verdade, são poucos os treinadores que treinam, por exemplo, os blocos ou o um tipo de defesa pressionante em toda a sua largura (excepção feita ao FC Porto de Pokrajac, onde havia uma procura de colocar uma pressão defensiva em todos os atacantes, sempre com vista à quebra do ataque como partida para um ataque rápido). E entre esta e outra ausência de treino mais específico lá se vão diluindo todos os conceitos defensivos.
Se olharmos para trás no tempo, não nos tem faltado experiências nos mais jovens: defesa individual, o jogo dividido em partes defensivas, etc, etc, até que agora com Mats Olsson o sistema defensivo é livre, tendo isto na realidade levado à opção quase nacional do 6:0.
Mas são várias as questões que se põe de imediato aos treinadores:
- Se tu mudares o sistema defensivo: a tua equipa entra em pânico? Ou por outro lado, é um desafio? Percebem os atletas porque se mudou o sistema defensivo? E mais importante, eles acreditam nessa mudança?

Vamos reparar no modelo sueco:

Swedish 6:0n - dynamic handball
com mudança para Old and coming back - 3:2:1
Na realidade, o que os suecos fazem é uma mudança da defesa 6:0 para uma defesa mais aberta. Como? Exemplo: “From crossing on the wings to cross also on the backplaces”! Assim, os atacantes terão sempre um defensor diferente à sua frente.
E embora, perceba as adopções do andebol escandinavo, que como sabemos, interpretam a defesa sempre como um meio para um ataque mais rápido e fulminante, aqui teríamos muitas dificuldades em adoptar defesas mistas, em adoptar comportamentos defensivos variáveis conforme os oponentes ofensivos. Já assisti a treinadores reprimirem a iniciativa do defesa em “roubar” uma bola. O que demonstra que os conceitos de leitura de jogo, ajudas, iniciativa individual de fast break (vejamos o caso de Alexandrina Barbosa), o aceitar cada um o seu papel, são ainda conceitos longínquos dos nossos jovens.
A mensagem deve ser clara: só queremos a bola!
No meu blogue colocarei um gráfico que poderá também contribui para este debate sobre o tipo de defesa a adoptar nos nossos escalões jovens, embora me parece mais óbvio debater aquilo que lhes devemos ensinar enquanto jovens para conseguir a defesa que queremos no futuro!

Paulo Costa

Anónimo disse...

Mais um excelente tema e mais uma vez, estás de parabéns!
Nos anos que levo como treinador de formação, já vi muitas alterações ou indicações aos sistemas defensivos a utilizar nos escalões mais baixos. Sempre atento ao que se passa nesses escalões, até porque acho que são os mais importantes para a formação do Atleta, tenho visto coisas que me espantam bastante. Fui e sempre serei apologista da utilização do HxH, pelo menos em parte do tempo do jogo. Agora, muitos dos treinadores de infantis e minis evitam utilizar este sistema, preferindo sistemas defensivos que supostamente darão menos trabalho no treino e "percas de tempo" com os Atletas.
Deviamos parar para pensar e fazer algumas analises a alguns aspectos que eu tenho reparado e concerteza que todos poderão se aperceber também. Deixo aqui uma questão no ar:
A quantidade de exclusões que existem nos escalões de iniciados, juvenis e juniores não serão reflexo de uma má formação defensiva na iniciação?

Um abraço a todos, em especial ao Paulo Jorge.
José Carlos Rodrigues (Litos)

Paulo Pereira disse...

Caro anónimo, para o mini-andebol utilizam campos mais largos com uma área semelhante ao campo regulamentar 40X20, sendo apenas mais pequena, e na mesma à largura do campo. Ou seja num campo de 40X20 seriam construídos 2 campos com estas característcas.

Gostaria também de agradeçer ao Paulo Costa e ao Litos o contributo. Eles acabam por ser o espelho do País pela diferença na interpretação do caminho a seguir para formar melhores defensores. A diferença nunca fez mal a nenhuma discussão, pelo contrário. É minha opinião de que devemos acíma de tudo aproveitar as várias ideias tendo a mente suficientemente aberta para poder decidir o melhor caminho, independentemente do formato competitivo que teremos no fim de semana.

Abraço

Anónimo disse...

Este Tema é sempre um fonte de positiva discussão tem mergulhado o andebol português em regras que em nada contribuem para o desenvolvimento, adesão e valorização da modalidade com a presença de novos praticantes.
Tudo Começa na Escola e aqui não entra os regulamentos da FPA, mas sim o ensino aprendizagem que suporta a actuação dos professores de Educação física e desporto, estamos a falar dos escalões de base ate aos 12 anos e posteriormente, ou simultaneamente os estudantes/atletas tem o reforço da actividade nos clubes e aí aparecem algumas normas ou regulamentos que tiram o prazer do jogo, mas com a intervenção do Seleccionador Mats Olson, acabou com regulamentos negativos para a evolução do jogo por parte dos praticantes.
Dá mais oportunidade aos treinadores de utilizarem os modelos de jogo que acham mais eficazes e a médio prazo se vai ver um melhoria nos praticantes desportivos.
-Nos escalões de base
Campos reduzidos, 5x5 com períodos de jogo mais reduzidos(3 ou 4 de 10'
-Nos escalões de especialização desportiva, campo normal 40x20, 32 períodos de jogo, sistema base 6x0 activo e reactivo e no ataque 3x3 para 2x4 com entradas de laterais ou pontas a 2ºpivot temporariamente.
Segundo vários autores internacionais que estudam o andebol há muitos anos o sistema base do andebol é o 6x0 e no ataque o sistema de base é 3x3.
Com este modelo de jogo, defesa/ataque devidamente treinado e explicado aos praticantes torna-se muito mais fácil a aprendizagem e teremos no final deste trabalho, com os novos praticantes a compensação que ensinamos bem, o essencial e o talento,motivação e a meio envolvente ao atleta fará o resto.
Recordo que As melhores Selecções do mundo e os melhores Clubes do mundo utilizam o sistema 6x0 com grande eficácia e atingem as medalhas e troféus em disputa como se viu no ultimo campeonato do mundo disputado na Alemanha e Jogos Olímpicos de Beijin.
Mas um tema que gostaria de ver apresentado pelo responsavel do Blog era o modelo de competição nos escalões de base até iniciados para percebermos a importância que tem a competição nos jovens praticantes a razão do abandono precoce de muitos jovens devido ao modelo de competição existente no Planeamento da FPA.
ADC

Paulo Pereira disse...

Caro ADC, cada vez menos me considero responsável por este blogue, sempre que a participação na discussão de temas desta importância sejam uma realidade. O debate está lançado e o modelo de competição até as iniciados está intimamente relacionado com o que até agora tem sido dito.

Agradeço o seu contributo, no entanto creio que devemos definir o que são escalões de base de forma a entendermos até quando devemos utilizar 5X5 em campo reuzido. Por outro lado não devemos esqueçer que utilizando um sistema 6:0 + o pivot na linha, e referindo-me por exemplo ao escalão de iniciados, podemos correr o risco de empobreçer o jogo no que respeita aos conteúdos ofensivos e defensivos a desenvolver nestas idades.

Abraço

Anónimo disse...

Caro Paulo Jorge

Os escalões de base são:
Bambis, minis e infantis.

Campos reduzidos 5x5
Assunto sempre interessante. esta duvidas do nosso andebol estão resolvidas há anos pelos principais países do andebol.
ADC

Duarte disse...

Antes demais, gostaria de agradecer ao Professor Paulo Pereira, pela criação deste blog (com excelente qualidade), de maneira com que todos amantes da modalidade possam exprimir as suas ideias, confrontando-as, de maneira que a evolução desta modalidade seja ainda, maior e melhor.

A problemática de qual dos sistemas defensivos que se deve utilizar na formação, parte segundo a minha perspectiva, de uma globalização da modalidade e de uma mistura de metodologias de diferentes escolas de andebol. Estas diferentes escolas dominaram a modalidade em diferentes época, o que leva à simples conclusão em que todas são eficazes, mas se analisarmos bem, esses sistemas defensivos, eram adequados às próprias características de uma população de jogadores muito específica.
Se quisermos falar na realidade portuguesa, não se pode “copiar” esta ou aquela metodologia, mas sim adequar uma metodologia que vai de encontro às características dos nossos jogadores.
Se pensarmos na realidade portuguesa, teremos que optar pelo ponto de partida, dos sistemas de duas linhas, principalmente o sistema 3x3.
Se analisarmos o sistema 3x3, verificamos que é um sistema complexo e muito exigente aos atletas a nível técnico-táctico e a nível físico, mas não requer as características antropométricas, como factor selectivo. A maior dificuldade em implantar este sistema, não advém só pelas dificuldades acima referidas (técnicas, tácticas e físicas), mas sim porque exige um grande trabalho anterior, de coordenação motora e desenvolvimento das capacidades condicionantes específicas, sempre de uma forma adequada às categorias etárias em questão.
Eu pessoalmente defendo o sistema 3x3, na formação, visto que é um conceito de defesa que prevalece todos os conceitos técnicos e tácticos defensivos, quer individual, quer colectiva, que mais nenhum solicita. Primeiro é um sistema que desenvolve muito bem a ocupação racional do espaço (colocação sempre entre adversário-eu-baliza), o conceito da tomada de decisão e a velocidade da mesma (quando e como devo ajudar o meu companheiro), as redes de comunicação dos defensores, e o 1x1 (técnica e táctica individual), todas estas características representadas em um espaço bastante maior, que mais nenhuma defesa solicita., provocando desta forma uma maior degaste físico.
Posteriormente, a transferência a outros sistemas defensivos é bastante mais fácil, visto que o nível de exigência é bastante reduzido, começando pelo o factor da comunicação e principalmente pelo espaço físico.
Mas a utilização deste sistema, não só desenvolve os conceitos tácticos e técnicos defensivos, mas faz com que obrigue os ataques a possuir maiores executantes técnicos e esta situação obriga com que as equipas contrárias desenvolvam capacidades técnicas individuais e colectivas, principalmente as individuais, a nível de passe e de 1x1.
No que diz respeito à organização dos escalões mais jovens, deixo a pergunta:” Porquê não uma estrutura de 3+1 contra 3+1, em bambis( com a redução das dimensões do campo de 5x5) e a existente de 5x5 nos infantis, com a autorização de só utilizar as defesas de HxH e 3x2?”
Um abraço a todos os participantes e um especial ao Prof. Paulo Pereira.

Duarte Miguel Henriques Neto
Balonmano ONDA – Castellón de la Plana – España.

Paulo Pereira disse...

Obrigado Duarte pelo teu comentário, no entanto gostaria só de referir que em relação ao 3:3 um aspecto que sempre tive dificuldade em resolver, era a situação (e são muitos) dos defensores que se deparam com atacantes com elevada mobilidade e passam a maior parte do jogo a correr sem desenvolverem competencias defensivas que mais tarde são necessárias para defender seja qual for o sistema escolhido. O problema será sempre o mesmo, criar dificuldades ao defensor aumentando o espaço de actuação, mas procurando ir ao encontro das necessidades reais ajustadas ao jogo, e para isso como já referi antes, nestas idades, é extremamente importante o 5X5, até porque permite desenvolver competência ao ataque também mais ajustadas às necessidades futuras.

Uma vez mais obrigado pelo teu comentário!

Anónimo disse...

Procurando dar algum contributo a esta problemática, e após leitura de algumas opiniões aqui colocadas, verifica-se que a forma de abordagem da aprendizagem defensiva não é um tema que recolha consenso.
Parece em primeiro lugar que se deveria procurar reflectir sobre o que precisamos de ensinar aos jovens atletas nestas fases de iniciação, porque não é o sistema defensivo utilizado na competição que vai influenciar por si só o desenvolvimento futuro do atleta, mas antes o que ele realiza durante a semana. E aqui os técnicos dos escalões de iniciação devem retirar da vitória imediata o seu primordial objectivo (não é fácil), porque o que devemos procurar é formar os atletas para o futuro, e para isso é necessária muita paciência, nossa e dos que nos rodeiam – dirigentes, pais e atletas.
Penso que esta forma de abordagem dos sistemas defensivos pode ser adequada:
Bambis: jogo 5x5, campo reduzido (20 x 13), balizas de tamanho reduzido, áreas de 5 metros circulares; marcação individual próxima da área de baliza; competição apenas lúdica com implementação de grandes organizações de Festand’s, com actividades variadas, para além do andebol.
Minis: jogo 5 x 5, campo reduzido (28 x 15 – campo de basquetebol), balizas de tamanho reduzido, áreas circulares de 6 metros, defesa à zona com responsabilidades individuais; competição apenas lúdica com implementação diferindo da competição dos bambis pela diminuição de outras actividades e por maior concentração no jogo de andebol. Neste escalão torna-se evidente o aumento da largura do campo em relação aos Bambis, mas é muito cedo para a utilização de toda a largura.
Estes dois escalões não devem ter competição formal organizada, ou se ela existir, sem preocupação de resultados e classificações. Ainda são crianças, que querem é brincar e divertir-se com o jogo. E também permitirá aos técnicos o treino sem a “pressão” da competição.
Infantis: parece que o modelo dinamarquês pode ser interessante, jogo de 6 x 6, com defesa 5:0 e ataque com 2 laterais e jogador pivot. Pode claramente favorecer a aplicação de todos os conteúdos ofensivos de futuro e criar nos defensores claras noções de ajuda, troca de marcação e deslizamento, podendo também potenciar características antecipativas neste sistema defensivo.

Anónimo disse...

Caro Prof. Paulo Jorge
Tive o privilégio de participar nesse seminário onde foi abordada essa questão defensiva nos escalões mais jovens neste caso na Dinamarca.
Em termos de sucesso colectivo esta defesa poderá ser mais vantajosa, mas na minha opinião o que pretendemos nestes escalões é dotar os nossos atletas de capacidades que lhes permitam abordar o jogo de uma forma mais equilibrada.
Serei eu melhor jogador se for estimulado para uma variedade de circunstâncias? Não será redutor em termos de aprendizagem limitarmos o trabalho defensivo a uma só linha.
Ao ver as imagens apresentadas do jogo tanto de mini andebol como de andebol de 5x5 pensei. Será que se colocássemos os miúdos a jogar HxH não seria mais divertido para eles?
O que pretendemos para este escalão?
No meu entender, pretendemos que tenham sucesso nas acções que praticam sejam elas no remate, passe, nas intercepções, nos desarmes etc etc; que se divirtam, que possam participar activamente no jogo, que possam estar em jogo o maior número de vezes de forma a melhorarem as suas capacidades.
Temos vindo a verificar que o jogo está mais rápido, que as regras do próprio jogo têm vindo a ser alteradas para que o jogo se torne mais atractivo, onde existam mais golos. Sinceramente ao ver aquelas imagens pensei e o vídeo durou 4 a 5 minutos, vimos dois ou três golos, uns de ponta, um ou outro dos 9 metros, um jogo lento e triste (se me permite a expressão).
Não sou fundamentalista de defesas abertas, sou muito mais apologista de alternância de estímulos. Os miúdos devem passar também por defesas mais recuadas, por que não, não deve no meu entender ser este a única forma permitida de defesa. Os regulamentos técnico-pedagógicos não podem ser factores orientadores nem limitadores da criatividade dos nossos atletas. A não permissão de sair dos 9 metros não será um factor limitador?
Esta discussão é tão mais complexa que nesse mesmo seminário foi apresentado o modelo formativo dos escalões jovens na Dinamarca (defesa zonal a uma linha), e foi ainda apresentado o modelo defensivo de uma equipa dinamarquesa que preferencialmente utiliza o sistema defensivo 5:1 e 3:2:1.
A beleza do desporto, passa por isto mesmo, cada um em função do seu entendimento do próprio jogo, das suas motivações, da sua filosofia, da matéria prima que tem, adequar os seu trabalho para o sucesso colectivo da sua equipa.
Obrigado por este espaço de discussão.
Sónia Araújo

Paulo Pereira disse...

Obrigado Sónia pelo contributo, a verdade é que estamos de acordo em que a diversidade deve ser um factor importante a ter em conta na formação do jogador ou jogadora, sempre e quando os objectivos a alcançar estejam clarificados nas opções dos treinadores e sobretudo no dia a dia do treino.