quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Treino técnico-táctico e desenvolvimento das capacidades motoras (parte I)

Embora não partilhe no seu todo das ideias que sustentam a "periodização táctica", abro aqui um tema actual de discussão que procura a relação ideal na forma de trabalhar os factores técnicos e tácticos juntamente com os factores associados às capacidades físicas requeridas para o jogo.
Este texto foi amavelmente cedido por Pedro Daniel Violante Teixeira e surge no âmbito de uma reflexão resultante dos trabalhos que decorrem no 2º Master Coach actualmente em curso em Portugal.
Obrigado Pedro!
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Que relação estabelecer entre treino técnico-táctico e o desenvolvimento das capacidades motoras?

UM NOVO CONCEITO

A “norma de treinar” dedica grande parte das suas preocupações a desenvolver pretensas capacidades que são tidas como fundamentais e por isso merecedoras de particular atenção. Força rápida, força resistente, força explosiva, velocidade de reacção velocidade de deslocamento, velocidade resistente, resistência anaeróbia, são tudo factores treináveis.

Numa lógica de “treino integrado” ou em conceitos mais compartidos de aquisição das referidas capacidades, no processo tradicional de treino, são usuais sessões de treino fora do recinto do jogo, as sessões de treino bidiárias, os treinos intervalados, os treinos em circuito ou por estações, os exercícios continuados extensivos, continuados intensivos, intervalados extensivos, intervalados intensivos e outros mais.

Surgiu no futebol há poucos anos um novo conceito que questiona estes métodos, a “Periodização Táctica” pondo em equação dois conceitos “Treinar para jogar” ou “Treinar para treinar para jogar”, e falo destes conceitos chave, na medida em que este último tem sido alvo de inúmeras comunicações na nossa modalidade, na sua maioria pelo conceituado Fisiologista “José Soares”.

Ao longo da minha formação fui tendo acesso a diversos métodos de trabalho, e que servem de base aos fundamentos do trabalho que fui fazendo, que se por um lado quase todos se revelaram singulares, por outro, todos nos remetem para o tal “Treinar para treinar para jogar”, pelo que existe um domínio razoável dos conceitos. É certo que esse domínio é relativo e todos os dias nos surgem dúvidas metodológicas, contudo nesta reflexão gostaria de uma forma lata abordar uma nova ideia que foi implementada num desporto colectivo – futebol. Será que poderemos encontrar algumas respostas para alguns problemas que nos vão surgindo na nossa modalidade?

“Periodização táctica” – “Treinar para jogar” – Uma experiência no futebol.

Todo o processo de treino é consubstanciado por um modelo de jogo construído e conceptualizado em princípios, subprincípios e subprincípios dos subprincípios de jogo. O domínio absoluto deste plano é decisivo para a construção de um método de treino

Oliveira, Amieiro, Resende e Barreto dizem:
“Mourinho, em momento algum perde a ideia do todo – do seu jogar. Não o concebe estilhaçado em quaisquer factores e, nessa medida, resistência aeróbia, força resistente, etc, não são factores que mereçam atenção da sua parte. Sabe que algo parecido com isso existe no seu jogar, mas como consequência do acontecer do mesmo. E sabe também que só subordinar de todo o processo de treino à supradimensão táctica, lhe permite mobilizar a subdimensão física na singularidade que o seu jogar requisita.”

Contudo a subdimensão física serve de critério para calibrar a relação desempenho recuperação no padrão semanal de treino.

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