Meus caros amigos, inicialmente gostava de deixar algumas pequenas notas: Em primeiro lugar agradecer as vossas questões e colocar-me à vossa disposição para (sempre que o entendam...) dar a minha opinião sobre outros assuntos. Num segundo momento, pedir desculpa pelo tempo que demorei a responder, apesar de ter esboçado as repostas logo que recebi as vossas questões. No entanto afazeres vários e muitas preocupações impediram-me de terminar o que então havia iniciado. Em ocasiões futuras, caso existam, responderei de forma muito mais célere. Gostaria também de referir que as respostas à diversas perguntas têm por vezes pontos em comum, sendo que alguns dos argumentos acabam por se repetir ao longo do texto.
Por último, deixar claro que as opiniões apresentadas são o resultado da minha experiência e reflexão resultantes do trabalho com as equipas, pelo que não pretendo que sejam encaradas como respostas definitivas acerca das questões abordadas.
Pergunta 1:
Gostaria de saber se reconhecem diferenças ao nível do jogo 1x1 quando comparamos um jogo sénior masculino e um feminino. Dois anos como treinador do feminino parecem indicar que neste contexto a frequência de ocorrência é menor.Se sim, será que estamos perante uma problema de formação respeitante à metodologia de treino?
Por último, deixar claro que as opiniões apresentadas são o resultado da minha experiência e reflexão resultantes do trabalho com as equipas, pelo que não pretendo que sejam encaradas como respostas definitivas acerca das questões abordadas.
Pergunta 1:
Gostaria de saber se reconhecem diferenças ao nível do jogo 1x1 quando comparamos um jogo sénior masculino e um feminino. Dois anos como treinador do feminino parecem indicar que neste contexto a frequência de ocorrência é menor.Se sim, será que estamos perante uma problema de formação respeitante à metodologia de treino?
Relativamente à primeira parte da sua questão, penso que tem uma visão correcta do que se passa no jogo. De facto (sem que tenha dados objectivos resultantes de estudos...) estou convicto de que existem menos situações de 1X1 no jogo de Andebol praticado por equipas femininas. As razões que levam a que este facto ocorra são, a minha opinião de vária ordem, das quais destacaria:
- Creio que existe um deficit ao nível das capacidades condicionais e coordenativas das atletas que as impede de obter maior sucesso neste tipo de acções e consequentemente inibe a sua utilização. Esse deficit (particularmente ao nível da força explosiva) é determinante para o resultado deste tipo de duelos, podendo contribuir também para uma diminuição da sua frequência de utilização em jogo, quando comparado com a verificada em equipas masculinas;
- Por outro lado, também devido ao deficit de força explosiva que inibe o aparecimento de mais rematadoras de 1ª linha, a estratégia assume um papel determinante para a criação de situações de finalização. Como consequência, parece natural que o jogo seja mais colectivo, o que provavelmente também contribui para a diminuição de situações de 1X1;
- Por último e ainda relacionado com o ponto anterior, penso que a utilização de defesas mais fechadas, onde as ajudas e as outras formas de colaboração entre defensores permitem uma oposição mais eficaz às situações de 1X1 por parte da atacante, podem contribuir para explicar o facto em discussão. Como as atletas habitualmente não conseguem explorar de forma imediata os pequenos desequilíbrios provocados na defesa, acabam por permitir que a acção defensiva tenha sucesso. Como consequência, muitas vezes treinadores e atletas evitam o 1X1 como forma de ataque;
Em relação à segunda questão, creio que realmente existe uma relação com os conteúdos de treino. No entanto não vejo este aspecto como um problema dos treinadores, mas sim como uma consequência do tipo de jogo praticado. Assim entendo que a metodologia de treino utilizada procura dar resposta aos problemas colocados no jogo, encerrando algumas das características anteriormente referidas.
Na minha opinião é decisivo que na formação se procure dar maior ênfase ao trabalho individual (capacidades físicas e condicionais/técnica e táctica individual), em detrimento de um trabalho apenas baseado na componente táctica colectiva que muitas vezes se observa. Seguindo a perspectiva inicialmente apontada, as capacidades das atletas seriam enriquecidas abrindo possibilidades de evolução para o jogo.
2 comentários:
Apenas acrescentaria uma diferença que senti na curta experiencia que tive com o Andebol Feminino com atletas de alto nível, e que está relacionada com a existência de mais espaço. Existe realmente mais espaço para explorar no jogo na versão feminina, significando isto que ao serem mais treinados e melhorados factores técnicos e tácticos relacionados com a finta, mais facilmente poderemos criar pontos de instabilidade no jogo e consequentemente desequilíbrios em beneficio da portadora da bola ou noutras zonas do campo.
Agradeço ao josé António e Paulo Jorge a resposta à questão por mim formulada. Para ambos, votos de um bom trabalho e sucesso para a presente época desportiva
João Paulo Barbosa
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