Quando vamos para um clinic, vamos sempre à procura da novidade, do inimaginável, daquilo que nunca nos passou pela cabeça, mas uma vez mais confirmo que o saber está nas coisas simples. Cheguei como prelector e saí como se fosse mais um dos inscritos, talvez com a diferença de já não acreditar de que é na novidade que está a excelência. Digo isto por ter tido o privilegio de escutar Jorge Araújo, José Soares, Juan Antón ou José António Silva, também ouvi gente nova acabada de formar expondo o fruto dos seus trabalhos, trabalhos de barata importantíssimos para podermos compreender onde estamos e para onde vamos. O que me ocorre dizer é que ali há trabalho, mesmo contrariando estudos que dizem que somos os que temos menor índice de produtividade da Europa como muito bem disse e por várias vezes José Soares. A verdade é que culturalmente, elogiamos mais rapidamente aqueles que triunfam sem trabalhar do que outros que cumprem com as suas obrigações mesmo ganhando menos, diriam alguns,”és mesmo burro, não vês que é melhor fazer copy, paste”, ou, “não faças assim tão bem porque abres um precedente e tudo o que façamos a partir daqui é pouco”. Do que vi, senti orgulho contrariando o que me acontece muitas vezes, orgulho de saber que em Portugal temos gente que mesmo podendo estar errada, parece ter ideias claras. Jorge Araújo conseguiu uma vez mais fazer com que eu fosse o protagonista de várias das suas reflexões e creio que aconteceu o mesmo com todos naquela sala. Levou-me a perceber que como treinador jamais terei sucesso se não perceber quais os meus pontos fortes e sobretudo as minhas debilidades, fez com que entendesse que por vezes ao nível da gestão da equipa (regras, gestão de comportamentos e consequências) cometemos as maiores barbaridades. Ajudou-me a confirmar e a consolidar a ideia que já tinha de que se perdemos o controlo da gestão, sobretudo das consequências (punição/recompensa) o melhor é afastarmo-nos da equipa que supostamente devemos liderar, pois aí já não é o nosso lugar. Fez-me entender que o nosso estado de espírito deve ser aquele que a equipa necessita, que quem joga são os jogadores, que devemos deixar de olhar para o nosso umbigo, que é preciso delegar competências, trabalhar em equipa, sem nunca abdicar das regras inicialmente estabelecidas.
José Soares, para além de ter tecido considerações acerca das questões fisiológicas e funcionais que o levaram ao evento, passou a mensagem de que devemos de uma vez por todas deixar de dizer mal uns dos outros, e discutir numa base de respeito mútuo. Qual de nós nunca disse mal de companheiros sobretudo pondo em causa esta ou a outra opção, funcionando como o eterno treinador de bancada que decide sempre depois de tudo ter acontecido? Eu incluo-me nesse grupo de pessoas que por vezes e provavelmente de forma injusta criticou essas opções. Seria um sinal de maturidade se no andebol em particular e no desporto Português em geral pudesse-mos tomar outro caminho.
José António Silva, alerta para o facto de podermos estar a trabalhar conteúdos que não reproduzem a realidade do jogo, como por exemplo o facto de normalmente trabalharmos contra-ataque simples com bola a sair do Guarda-Redes, sendo escassa essa ocorrência em jogo já que a maioria desses contra-ataque surgem resultantes da conquista da posse da bola pela defesa e o passe surge de um ou dois defensores.
Juan Anton Garcia, continua sendo o mestre no que respeita à teorização da modalidade e alguém que parece ainda não estar satisfeito com o contributo dado até ao momento. Ficaremos à espera do resultado das próximas reflexões.
Em suma, creio que ganhei mais do que o que possa ter oferecido, terei que fazer melhor numa próxima vez!
Obrigado!
José António Silva, alerta para o facto de podermos estar a trabalhar conteúdos que não reproduzem a realidade do jogo, como por exemplo o facto de normalmente trabalharmos contra-ataque simples com bola a sair do Guarda-Redes, sendo escassa essa ocorrência em jogo já que a maioria desses contra-ataque surgem resultantes da conquista da posse da bola pela defesa e o passe surge de um ou dois defensores.
Juan Anton Garcia, continua sendo o mestre no que respeita à teorização da modalidade e alguém que parece ainda não estar satisfeito com o contributo dado até ao momento. Ficaremos à espera do resultado das próximas reflexões.
Em suma, creio que ganhei mais do que o que possa ter oferecido, terei que fazer melhor numa próxima vez!
Obrigado!
4 comentários:
Estive presente no Clinic e desde já os meus parabéns pela sua prelecção e pela parte prática, está visto que não vale a pena andarmos a inventar exercícios confusos que não levam a nada e que com coisas simples conseguimos resolver muitas situações.
Este Clinic superou as as minhas expectativas, como treinador jovem em início de carreira foi um fim-de-semana bastante produtivo e saí com muitas ideias para pôr em prática.
Apenas uma nota negativa relativamente a José António Silva, foi pena não se ter dado ao trabalho de arranjar exercícios novos, para quem esteve presente em Lisboa no 5º Congresso assistiu a uma prelecção exactamente igual bem como a parte prática (tirando 2 exercícios). Apesar do tema que abordou tanto no Congresso como no Clinic, penso que para um treinador deste gabarito não seria muito difícil procurar novas situações para apresentar.
Apesar de tudo o balanço do Clinic foi mais que positivo, estas iniciativas são deveras importantes na formação de todos os treinadores.
Cumprimentos,
Tiago Oliveira
Dá vontade de assinar por baixo o seu rescaldo do Clinic.
É de facto uma oportunidade que temos para crescer na modalidade. Eu realmente fiquei abismado com a qualidade das prelecções que ouvi! Não estou habituado a isto, por mais estranho que possa parecer ouvir um estudante universitário a dizer tal coisa! Dos nomes que referiu, eu acrescento o seu e não digo mais do que já disse. Todas as prelecções foram extremamente úteis. Englobo as suas, do Prof. António Silva e do Juan Anton Garcia, num grupo de grande utilidade, no âmbito técnico-táctico. Que nos deixam cheios de ideias para por em prática. Do Prof. José Soares, para além da utilidade que a prelecção teve no desenvolvimento da minha preparação quanto ao treino físico, de facto e como já disse, deixou-nos a pensar em algumas atitudes que temos. Claro que eu também as tenho, à boa maneira portuguesa de treinador de bancada. Acrescento ainda um destaque ao modo como o Prof. José Soares dirigiu a sua prelecção. Fê-lo de uma forma super divertida e frontal, sem medo de dizer seja o que for, conseguindo naturalmente prender a atenção e o interesse de todos. O que já não era fácil ao fim de um fim-de-semana de chuva de tanta informação. Por fim, e porque sou um treinador em início de carreira, que cada vez me apercebo mais que não sei nada, a prelecção mais útil para mim, foi sem dúvida a do Jorge Araújo. Sem algumas coisas do que ele disse, não adianta de facto dominarmos a modalidade. E parece que o Jorge Araújo adivinhou muitos dos meus problemas como treinador. Dificuldades de afirmação no clube, dificuldades de entendimento com dirigentes e ate com atletas, motivação, gestão de conflitos, enfim… É muita experiência a querer transmitir-nos algo!
Despeço-me e aproveito para lhe dar os parabéns pelo blog, pelas prelecções fantásticas que teve e pela carreira que estou certo que ainda lhe trará muito sucesso! Para isso, a melhor sorte.
Cumprimentos com agradecimento.
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