segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Defesa na Iniciação


Aproveitando o facto de ter estado em Lisboa no I Seminário Internacional organizado pela Formand e que teve lugar na Universidade Lusófona, gostaria de abrir um debate no sentido de perceber o que opinam os visitantes do blogue. Não sendo um tema nada novo, acaba por ser sempre actual, já que parece que as diferentes opiniões acerca da matéria tornam difícil encontrar o melhor caminho. Ulrik Jørgensen, responsável pela formação de Treinadores da Danish Handball Association desde 1997, abordando a metodologia utilizada nos diferentes escalões etários ao longo da sua formação, refere que as competições ao nível do escalão infantil decorriam num sistema de 5+1 contra 5+1. Para os companheiros Dinamarqueses, o jogo 5X5 tem como objectivo reduzir o número de defensores próximo da linha de 6m ao mesmo tempo que permite uma circulação de bola facilitada aos atacantes, já que os defensores se encontram entre os 6 e os 9m preferencialmente. Neste escalão, eu sou defensor de um sistema a duas linhas com característica de funcionamento correspondente ao sistema 3:3 onde se possam observar sobretudo a aplicação de conceitos básicos de defesa ao nível do jogo 1X1 e 2X2. Os meios técnicos e tácticos que devem estar em evidência são sobretudo, a posição de base, o deslizamento, a troca de marcação a cobertura e a ajuda. Sabemos que existem outros não menos importantes, mas se conseguirmos ver reproduzidos os que referi, creio que podemos ter melhores defensores no futuro. Provavelmente poderei até estar a ser demasiado ambicioso.
Mas voltando à proposta Dinamarquesa, e pensando nas vantagens e desvantagens de utilizar nestas idades um dispositivo defensivo mais ou menos profundo, com uma ou mais linhas defensivas, provavelmente colocando menos defensores, e consequentemente aumentando o espaço atribuído a cada jogador, poderemos atingir não só objectivos destinados aos defensores como também aos atacantes. Todos percebemos a qualidade ao nível do passe dos Nórdicos, será esta também uma das razões que conduzem à obtenção dessas competências? Deveríamos entre nós adoptar medidas semelhantes aproveitando os bons exemplos?

Fica o debate em aberto!

8 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com a utilização da defesa 3:3 na iniciação.
Aliás, creio que é uma progressão natrual da defesa individual (nomeinal e não nominal).
Pude reparar nos meus atletas, que progrediram desta forma, que agora em iniciados, de um modo natural adoptaram o 3:2:1 nos ultimos jogos. Ainda que com erros de principaiante, conseguiram progredir de forma natural.
Agora, resta-me continuar o que já eles, só por eles começaram!
Ainda que seja uma defesa bastante complicada, creio que terá os seus frutos aquando da aprendizagem dos atletas relativamente aos conteudos da defesa!

No entanto, questiono-me se realmente esta será a progressão ideal!
Por favor, contradigam-me!

Anónimo disse...

Esta é já uma questão relativamente antiga. A questão defensiva. A minha opinião pessoal, não passa por um sistema defensivo, mas sim ensinar a defender. E para isso sim, um sistema aberto, que permita muita mobilidade e deslocação aos defensores pode ajudar muito. Penso também que a iniciação numa defesa individual, com recuos progressivos será o ideal. Numa fase posterior, introduzir duas linhas defensivas, para a aprendizagem de situações de troca defensiva, de zona de defesa e de ajuda/cooperação com os colegas.
A partir daqui, se o trabalho defensivo estiver bem definido, com trabalho efectuado ao nível do trem inferior, poder-se-á seguir para uma defesa com tarefas mais complexas, como o 1-5 e depois o 3:2:1 ou 6:0.
Mas acima de tudo, está a aprendizagem do "saber defender".
Isto seria próximo do meu ideal.

Luis Paiva
NAAL Passos Manuel

Anónimo disse...

Professor Paulo Pereira
Também estive presente no referido seminário internacional, e ate estive no almoço com o professor mas não tive a oportunidade de falar consigo!antes demais parabens pelo Blogue! Fiquei um pouco estupefacto quanto ao nivel da formação(iniciação) dinamarquesa,em portugal o escalão de minis(5x5) e infantis(7X7)(10/11 anos), previligiam um sistema defensivo a uma linha minis(5:0)-infantis (6:0), e a area dos 6 metros no caso dos minis e bastante maior que a area que em portugal nos estipulamos. Por outro lado, o selecionador previligia, o parar do ataque, ou seja, na sua estatistica coloca quantas x um determinado defensor para o atacante? será que com este tipo de defesa consegue preparar atletas para estes aspectos? ou será que deviam procurar um sistema defensivo à zona em 2 linhas dos quais tambem sou a favor, bem como, o hxh, onde trabalhamos aspetcos tecnico-tácticos(deslizamento, troca, posição base, a ajuda etc...),atraves dos quais a longo prazo teremos melhores defensores para qualquer tipo de defesa! Mas tudo isto, tambem leva me a outra interrogação, mas no escalão principal a dinamarca e grande potencia quando comparada com portugal! coloco este debate!
abraço
Raul

Anónimo disse...

PROPOSTA PARA ABORDAGEM
DO
ANDEBOL NA ESCOLA





Vinic Tomlianovic
Director técnico da Federação Croata de Andebol





























BEOGRAD
Julho89




Integrado no curso de treinadores de andebol de “Alto Nível” foi apresentado pelo Prof. Educação fisica Vinic Tomlianovic pela primeira vez uma análise-reflexão sobre a “crise” da modalidade na Escola.
O Andebol devido às suas dimensões 40x20 metros fica demasiado condicionado e a maioria dos professores incluem nos programas as modalidades que se ajustam ou ao seu gosto pessoal , ou às caracteristicas das instalações desportivas. As instalações para a prática desportiva na Escola mais adequadas à pratica dos alunos são o basquetebol e voleibol.O Prof. Tomlianovic começou por explanar um conjunto de argumentos fruto da sua experiência na escola como professor e como responsável pela escola de andebol de Sarajevo.



A formação dos jogadores mais novos deve iniciar-se aos 8-10 anos(muito importante) como actividades lúdica desportivas e um leque de disciplinas muito alargadas de modo a que a “alfabetização motora da criança”, adquira elementos fundamentais para as etapas da aprendizagem que se vão seguir.Só mais tarde os vários jovens praticantes e interessados ou com caracteristicas para o andebol poderão entra na modalidade.
Esta evolução fica a dever-se ao facto do porgrama da escola ser muito limitado, não permitindo por isso grandes intervenções por parte dos professores.Perante esta situação criada estruturalmente o andebol terá que integrar as actividades lectivas para que deste modo os alunos não percam esta oportunidade no “timimg” certo, não jogando o andebol mais tarde nos clubes, onde existem as condições estruturais adequadas.

Dimensão do campo

Deve-se adaptar o Andebol na sua prática efectiva aos campos de basquetebol ao voleibol existentes nas escolas públicas e privadas, nas seguintes dimensões:

-40x20 para 28x15 metros
-linha da área do GR dos 6 metros para 5 metros circular
-linha de 9 metros para 7 metros circular
-linha do penalty nos 7 metros para 6 metros

baliza

-3x2metros para 2.50x2 metros colocando-se um painel nas balizas normais e não fazendo balizas especiais para o andebol de base.


Bola

-a dimensão da bola será de dimensões reduzidas e sempre adaptada às capacidades dos novos praticantes, é muito importante trabalhar a articulação do pulso em idades baixas de forma sistemática e intencional e a pega da bola é decisiva, terá grande importância no futuro qualitativo do atleta.

Jogadores

-em vez de 7 jogadores conforme o regulamento , 5 jogadores(um deles será guarda-redes)
-nas exclusões de 2” será substituido por outro. Substituição pedagógica.

Tempo de Jogo

-3 períodos de 10 minutos com as seguintes orientações pedagógicas.
-2 primeiros períodos de jogo livre quer na defesa quer no ataque
-ultimo período, marcação hxh para desenvolver a “atitude competitiva ” do jogador e as qualidades físicas especificas, para a prática da modalidade.

Utilização de meios áudio-visuais

-os meios áudio visuais serão utilizados para informar e enriquecer as características dos novos atletas e de preferência utilizados fora das horas normais de treino.Os mais talentosos poderão ter “trabalhos para casa” de forma a sustentar o desejo de saber fazer, num ritmo diferente e motivador.


Dados importantes na Selecção e Detecção de Talentos

-testes psico-motores
-testes antropométricos

Na Jugoslávia não existem cursos de formação para ensinar o andebol na escola ou no clube.Os cursos existentes destinam-se exclusivamente à “Alta Competição” e ultimamente os treinadores e professores de educação física sentem necessidade de incrementar a formação através de curso específicos e de acordo com as novas metodologias do ensino nos Desportos colectivos.
Neste escalões o treinador não é só um técnico que ensina e transmite os conhecimentos técnicos, ele mantém com os atletas um envolvimento muito mais amplo que envolve muitas outras áreas da vida do atleta jovem, como seja, no plano moral, social e desportivo.
Quando uma equipa ganha nestes escalões etários, o mais importante é saber como é que a equipa joga, se evoluiu ou não! ser vencedor com um sistema pouco evoluído, não é uma boa solução de futuro, nem para o Atleta nem para a modalidade.
Os “Talentos” precisam de trabalhar mais, de se ter mais cuidado com eles, sem que os restantes atletas pensem que há descriminações.
O mais importante é a técnica de base ela suporta toda a evolução táctica do novo atleta, não se constrói um bom jogador se formos para a táctica individual ou colectiva sem uma boa técnica, nunca se poderá ser um bom jogador se, se partir deste princípio.
Na idade juvenil os jogadores devem dominar completamente a técnica com e sem bola.As correcções demoram muito tempo,e por vezes sem resultados práticos visíveis.Quando o jovem atleta tem uma boa técnica, deve tentar melhorar a velocidade de execução,acrescentando de seguida a “força” ao exercício.
Na idade de juniores deve dar-se grande importância aos exercícios tácticos a nível individual, e de grupo para atingir a sistematização do jogo da equipa.
Na Jugoslávia os campeonatos na formação(juvenis, iniciados e cadetes) são organizados pelo Estado com o apoio das Autarquias locais. Os Clubes somente participam nos campeonatos de Juniores e Seniores.

Nota:recolha de antónio cunha e com a colaboração de Debic Harvoje Jul89

Este documento com quase 20 anos, de pratica com Sucesso nos países Escandinavos e dos Balcãs, em que a defesa em linha 1.4 e no ataque 1.2.2.A Dinamarca faz parte destas duas bolsas de andebol.
A aplicação obrigatória do HxH na formação nos jogos, matou muitos andebolistas e a noção atacante/defensor não existe, nem provocamos o gosto por defender aos jovens atletas e desaparecem os jogadores da 1ªlinha, sobrando , guarda/redes e jogadores de 2ª linha.
Resultado os clubes foram obrigados a contratarem jogadores da 1ª linha ao longo de dezenas de anos devido ao processo de ensino aprendizagem obrigatório em Portugal.
Recordo que nos anos 70,80,90 os nosso melhores jogadores eram da 1ª linha , atiradores e a sua formação não contemplou o HxH, recordo alguns desses jogadores, João Gonçalves, Hernâni, Jorge Rodrigues, Franco, fernando Areias, Alexandre Barbosa,Zé Manuel, Rui Vale Ferreira,Rui Aguiar, Carlos Resende, José santos, Filipe Cruz etc...

Anónimo disse...

Este ssunto da abordagem do andebol nos escalões jovens e como director de uma Escola EB2,3 e tendo formação especifica em desporto e no andebol, fico surpreendido com a metodologia seguida pelo corpo docente nas aulas de andebol.
Hoje já á mais liberdade por parte dos regulamentos da Federação nesta materia dando mais liberdade aos treinadores e jogadores para acima de tudo divertirem-se jogando andebol e disfrutando o prazer ludico do jogo aos novos praticantes.
Estou de acordo com os principios da escola dinamarquesa e dos paises envolventes, partindo logo de inicio para a construção de um atleta para um jogo de invasão em que a presença do rival é permanente e sistematica.
O HxH modelo praticado mas já um pouco abandonado no basquetebol, não tem resultados motivadores para a carreira desportiva dos novos praticantes.
Ao paulo Jorge os meus parabens pelo excelente blog técnico informativo que vem ajudar os que querem aprender mais e no melhor sentido.
J.Gabriel

Anónimo disse...

Não concordo com o que o Senhor Gabriel disse acerca do hxh, acho que o hxh na iniciação e a forma mais rica de por em pratica todos os conteudos ténico-tácticos defensivos, construindo a longo prazo melhores defensores. Os atletas fazem um melhor tranfer quando abordamos os conceitos de defesa á zona!Na minha carreira de treinador de formação tenho tido essa experiencia..., por exemplo no escalão de infantis masculinos quando treinava-os, realizava no treino e no proprio jogo, mesmo não sendo obrigatorio, uma parte so HXH!
abraço
Raul

Anónimo disse...

Caro Raul
Respeito a sua opinião sobre esta questão da iniciação e quais os caminhos a percorrer, mas como deve compreender só entra pelo HxH quem não entende o JOGO.
Não sei se já entende o jogo, historia e princípios que levaram a modalidade a patamares internacionais.Penso que não!
Já agora faço uma pergunta, como é que no jogo jogando HxH pode aplicar os meios tácticos individuais e de grupo e já agora quais são? e que vão ser a base da construção do atleta de futuro, ou seja ensinar o que? e para que? se não estiver integrado no jogo, pouco vai servir ao futuro atleta.
Como aplica o meio táctico de grupo, troca na defesa e cruzamento no ataque utilizando um processo defensivo HxH.
Já agora diga-me utilizando o HxH qual o sistema de jogo? que treina e jogo para levar de vencida esse sistema individual.
Porque é que a Escola Espanhola, Francesa, Croata, Eslovena, Sueca, Dinamarca, não utiliza o sistema HxH.
Só há duas formas de jogar oficialmente o Andebol, campos reduzidos andebol de 5x5(nos escalões de base, Bambis, Minis e infantis) e jogo normal andebol de 7x7.
Reflicta...
Paulo

Paulo Pereira disse...

Caro Raul, não faltará oportunidade para falarmos sobre estas coisas.

Abraço